Algumas vezes a gente
passa a vida inteira com vontade de comer alguma coisa e um dia descobre como
seria fácil matar essa vontade.
Minha mãe odeia ovos,
por esse motivo nunca fez quindim para a gente. Quando criança eu nem sequer
sabia o que era isso. Quando eu já estava bem crescidinha, durante uma viagem à
praia, vi um quindim na mesa de café da manhã e perguntei ao meu pai o que era.
Com simplicidade ele me explicou que era quindim: um doce feito com gemas,
açúcar e coco. Fiquei curiosa. Afinal, tanto tempo de vida, mais de 20, e eu
nunca havia visto e, consequentemente, nunca havia sentido o sabor de um
Quindim.
Naquele dia em questão
eu peguei um daqueles doces amarelinhos e brilhantes, embrulhado em papel,
coloquei na minha bandeja, junto com os tradicionais pães e leite para o café
da manhã, e fui para a mesa. Comi meu primeiro quindim e o sabor que ficou na
memória foi o de felicidade. Algo comparável a sensação acalentadora de tomar sol,
daqueles bem brilhantes, em uma manhã de verão, à beira mar.
Após esse dia
maravilhoso na cidade de São Sebastião, litoral paulista, nunca mais comi um
quindim. Minha irmã mais nova também experimentou o doce na ocasião e, como eu,
ela lembrou com prazer da experiência hoje, quando contei que estava preparando
um Quindão.
A receita do Larousse traz
orientações para o preparo do quindim e, ao final, explica como a receita pode
ser adaptada a versão maior do prato. O quindim deve ser feito em pequenas
formas de empada, untadas com manteiga e polvilhadas com açúcar. Já o Quindão é
preparado em uma forma de 25 cm de diâmetro, também untada e polvilhada de
açúcar.
Escolhi preparar o Quindão
por um motivo bem simples: preguiça. Untar uma forma grande é bem mais fácil
que 24 formas pequenas. E a melhor parte? Não precisarei lavar dezenas de
forminhas minúsculas lebrecadas de manteiga ao final. To cansadinha hoje gente.
Adoro cozinhar, mas não sou fã de lavar louça.
Para o preparo dessa
receita precisei separar 11 ovos. Lavei todos e separei as gemas de nove deles.
Bati com um batedor fouet por um minuto. Acrescentei os outros dois ovos inteiros
e bati bem por mais 1 minuto. Os ovos vão ficar com uma textura bem cremosa e
as gemas passam do tom laranja vivo para um mais opaco. Nesse ponto é que a
receita começa a ganhar vida.
Meça 350 g de açúcar
refinado e vá acrescentando aos poucos aos ovos batidos. Mexa bem. A massa vai
ficar pesada, mas pensei em como é bom fazer exercício muscular e continuei
batendo. Quem sabe, um dia, ganho músculos definidos só de bater massa?
Após juntar todo o
açúcar, acrescente ½ colher de manteiga, bata bem e acrescente muito, mas
muuuuuuuito coco ralado. Aí resta apenas preaquecer o forno a 220°C, colocar a
massa na forma já untada e polvilhada com açúcar e levar ao forno em banho maria.
Durante os primeiros 10 minutos de cozimento, mantenha o forno bem quente, mas
depois reduza a 180°C por mais 40 minutos.
Lembram-se de quando eu
comentava o quanto era bom sentir o aroma das receitas exalando pela cozinha?
Pois é, o Quindão me deixou louca com o cheiro magnífico que tive que ficar
sentindo por quase uma hora antes de poder comer.
Retirei do forno,
desenformei em uma bandeja para servir e aí veio a surpresa. Apesar de estar
aparentemente bem cozido olhando por cima, a parte inferior estava ainda bem
mole, não ficou amarelinho e eu fiquei decepcionada. Voltei com a receita para
o forno por alguns minutos, pra ver se conseguia deixá-lo mais firme. Deu certo
essa parte, mas, como poderão ver pela foto, ele não ficou bonito de ver. Ainda
bem que a gente sonha é de olhos fechados né? E que sonho!
Tive que experimentar
quente, algo que, acho, não seja aconselhado para o estômago. Mas estava
divino. Ansiosa para comer mais amanhã, com ele já geladinho.
Prato feito. Prato
servido. Bon appétit!
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