Em clima de despedida
do blog, resolvi fugir mais uma vez ao Larousse e sentir o preparo do prato. A
gastronomia prega isso: o sentir. Receitas nem sempre são bem vindas. Isto
porque, em muitos casos, elas se transformam em amarras que impedem a
criatividade, o ser autoral.
Nunca tinha preparado
Salmão na minha vida. Este é o meu peixe favorito, mas sempre me senti insegura
demais para arriscar perder uma carne tão cara por um deslize. Em geral
saboreava o salmão na culinária japonesa (que amo de paixão) e algumas vezes
feito por uma irmã, assado.
Acordei logo cedo, o
que é uma raridade para mim aos domingos, e fui ao mercado. O objetivo da
empreitada: encontrar um salmão que não custasse os olhos da cara. Vou dar uma
pausa no blog exatamente devido a problemas financeiros, então vocês devem
entender meu lado neh?
No primeiro mercado eu
comprei alguns itens que precisava para a salada tropical (decidi que este
seria o acompanhamento do salmão) e rumei para a peixaria. Pânico, terror e
aflição tomaram conta do meu ser. O quilo do peixe estava nas alturas. O filé
fresco estava a R$45. Quase enfartei. Olhei com olhos de choro pra minha mãe e
ela deu a ideia de ir a outro mercado. Pagamos tudo e partimos.
Chegando ao segundo
mercado a surpresa maravilhosa: o peixe fresco estava, se inteiro, a R$25,00 e
o filé a R$30,00. Já estava me preparando para fazer o pedido quando ouvi minha
mãe me chamar lá da área de frios do mercado. Fui até ela e me deparei com uma
promoção de salmão congelado.
Eu sei bem que não é a
mesma coisa. O peixe fresco tem uma cor e sabor bem mais agradáveis, mas na
minha atual situação financeira, delirei com o filé congelado a 18,90 o quilo.
Comprei um pedaço de 1,6kg.
Voltei toda feliz para
casa, com a certeza, indicada pela minha mãe linda, de que o peixe
descongelaria rapidamente. E foi exatamente o que aconteceu. Já focada no
preparo do meu prato de domingo, usei uma faca afiada para separar a pele da
carne do salmão. Foi mais fácil do que eu imaginava. Felicidade por isso.
Assim que o peixe
estava totalmente limpo, cortei fora a parte do filé que corresponde a barriga.
O motivo? Esta parte é bem mais fina que o restante da peça, então, se a usasse
nessa receita, teria pedaços de espessura irregular. Guardei essa parte para
preparar outro dia, fatiei o restante do filé em postas de aproximadamente dois
dedos e meio de largura e fui fazendo pequenos cortes rasos do lado externo e
interno. Os cortes devem ser transversais e precisam se sobrepor. Juntos eles
formarão pequenos losangos sobre os retângulos de salmão. Eles servem tanto
para que o tempero entre com maior facilidade na carne, quanto para produzir um
desenho interessante na carne grelhada. Reservei.
Em uma bacia larga eu
misturei 200ml de vinho branco, o suco de dois limões pequenos, 1 colher chá de
sal, 1 colher de sopa de alecrim e pimenta do reino moída. Mergulhei as tiras
de salmão no tempero e deixei marinar por 1 hora.
Reguei um grill
elétrico, em temperatura média, com um fio de azeite e dispus o salmão, com uma
das partes com cortes para baixo. Reguei com um pouco do tempero e deixei que
dourasse. Após alguns minutos virei, reguei com um pouco mais de vinho e deixei
dourar.
Servi bem quente
acompanhado da salada tropical que fiz com a ajuda da minha mãe: pepino, manga,
batata, cenoura e maçã cortados em tiras e tomates cereja e uvas cortados ao
meio. As batatas e as cenouras devem ser cozidas. Tempere com uma pitada de sal
e salsinha picada.
De primeira eu senti que
o salmão não estava com um sabor muito agradável e fiquei desejando que
estivesse cru, em um sushi. No entanto, na segunda garfada, percebi o que estava
dando um tom amargo ao peixe: uma pequenina camada que fica sob a pele e tem um
tom mais escuro que o restante da carne do salmão. Separei essa parte do peixe
e lá estava o sabor que tanto aprecio. Magnífico! Agora já sei que devo dedicar
mais atenção a essa parte do salmão.
Prato feito. Prato
servido. Bon appétit!
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